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terça-feira, 17 de maio de 2011

A Matemática no Ensino a Distância: Avaliando métodos e processos de mediação didática

Este texto é a introdução da minha monografia do curso de especialização em EaD que estou cursando pela FIJ. Estou postando este, mesmo incompleto, para dividir com vocês um pouco do que pretendo discutir em meu trabalho de pesquisa do mestrado, visto que minha intensão é usar a especialização como laboratório do mestrado.
Boa leitura! 

A Matemática no Ensino a Distância: Avaliando métodos e processos de mediação didática.

Djalma Gonçalves Pereira

Os avanços das tecnologias em geral e das tecnologias chamadas da informação e comunicação ou TICs, incentivaram a constituição de diversos cursos de formação profissional e graduação a distância, sendo a maioria mediados pelas ferramentas da Internet. É perceptível a presença das TICs em diversos segmentos da vida cotidiana e profissional das pessoas, contribuindo em diferentementes aspéctos na formação de novas possíbilidades de aprendizagem e interação.
A introdução novas dinâmicas de trabalho e a ampliação da presença de problemas da realidade e de recursos informáticos, promovem mudanças relevantes no sentido de cognição e saberes (Jonassen e Rahrer-Murphy, 1999).
No Brasil, são pocas as instituições que oferecem o curso de Licenciatura em Matemática nas modalidades semi-presencial ou totalmente a distância, por intermédio da mediação via ferramentas da Internet.

Nesse sentido, percebe-se que nos projetos de ensino a distância que são mediados pelas TICs ainda há uma necessidade evidente de pesquisas que promovam propostas para viabilizar processos de interatividade e mediação, principalmente a didática, na formação a distância.

As propostas curriculares oficiais não contemplam os processos necessários para a mediação dos conceitos didáticos e específicos necessários a formação do indivíduo e muito menos oferta ou indica ferramentas que auxiliem no processo ensino-aprendizagem da geometria, estatística ou funções.

Nos ambientes virtuais de aprendizagem (AVA), o que se ercebe é uma grande lacuna nos recursos oferecidos para o trabalho com signos matemáticos, gráficos e entidades geométricas. Com isso, há uma limitação desses conteúdos e sua forma de aplicação nos cursos de Licenciatura em Matemática na modalidade semipresencial e a distância.

Validando a constituição e o estudo sistemático via comunidades virtuais inclusive no estudo da matemática, encontramos educadores matemáticos de diferentes países que tem têm mostrado em seus estudos que uma das formas de se desenvolvimento profissional é a constituição de comunidades de aprendizagem (Wenger, 1998).
Tendo em vista esta realidade, minha proposta é averiguar: quais são os métodos e processos para a realização da mediação didática utilizados nos ambientes virtuais de aprendiagem nos cursos de licenciatura em Matemática?
Para tal averiguação, tomarei como referencia o ambiente virtual de aprendizagem utilizado no curso de Licenciatura em Matemática da Universidade de Uberaba, o qual tenho acesso, devido eu ser docento do mesmo curso.
Nesta investigação apresentarei os resultados de um levantamento do índice de satisfação dos alunos e professores, bem como uma análise da estrutura, recursos e atividades propostas nesse ambiente.
Para essa avaliação tomarei como referência as concepções de abrodagens instrucionista e construcionista, definidas assim por Valente como:
O computador pode ser  usado na educação como máquina de ensinar ou como máquina para ser ensinada. O uso do computador como máquina de ensinar consiste na informatização dos métodos de ensino tradicionais. Do ponto de vista pedagógico esse é o paradigma instrucionista. Alguém implementa no computador uma série de informações e essas inforações são passadas aos alunos na forma de um tutorial, exercício-e-prática ou jogo. Além disso, esses sistemas podem fazer perguntas e receber respostas no sentido de verificar se a informação foi retida. Essas características são bastante desejadas em um sistema de ensino instrucionista [...] Papert denominou de construcionista a abordagem pela qual o aprendiz constrói, por intermédio do computador, o seu próprio conhecimento (Valente, p1.1997)
Ainda no sentido de avaliação do ambiente virtual de aprendizagem no curso de Licenciatura em Matemática, procurarei identificar nesse processo de pesquisa parâmetros que explicitem a contemplação dos saberes docentes nesserários ao exercício profissional por intermédio da concepção de Pimenta (1997, p.42) que afirma: Os saberes possuem três tipos que são articulados entre si, são eles o saber da matéria, ou seja, o conhecimento que o professor possui sobre a disciplina que ensina; o saber pedagógico, que diz respeito ao conhecimento que resulta da reflexão confrontada entre o saber da metéria e os saberes da educação e da didática; e o saber da experiência, construído a partir das experiências vivenciadas pelo professor.
O ambiente virtual de aprendizagem em sua abordagem de mediação ao aluno em formação precisa promover condições para que o aluno aprenda e consiga apropriar-se do conhecimento de forma em especial nos cursos de formação de professores, aprendendo a ensinar, no caso, a ensinar Matemática.
A análise das informações proveniente do sistema de ensino escolhido provém de diferentes interações que são hora síncronas e em outras assíncronas, isso me permitiu construir uma rede de interpretativas importantes para o estudo dos interessados na aprendizagem via ambientes virtuais.
A pesquisa destaca que a análise do aprendizado via ambientes virtuais deve estar fundamentada no estudo das interações que são efetivadas na atividade formativa.
Elementos da Matemática e da Didática são agrupados de maneira a proporcionar a compreensão do processo de “como ensinar” que deve ser objeto da formação profissional docente.
No intuito de estudar as implicações do trabalho em Ensino a Distância (EaD) na modalidade semi-presencial na formação do professor de matemática, serão analisados aspectos no desenvolvimento do conhecimento de futuros professores segundo a caracterização de ensino instrucionista e construcionista de Valente, e ressaltar elementos da didática definidos por Pimenta como essenciais a formação do professor.
A problemática do estudo é constituída dos seguintes construtos: formação de professores de matemática, mediações e interações a distância em ambientes virtuais de aprendizagem e aprendizagem didática do ensino de matemática.
Nesta pesquisa priorizarei a contextualização do ensino a distância nas legislações vigentes, situando a educação matemática no cenário contemporâneo e a fundamentação relacionada à abordagem instrucionista e construcionista.
Faço opção por não detalhar aspectos teóricos inerentes à Matemática como como fim, pois os mesmos não serão relevantes no processo de avaliação definidos.


Para situar este trabalho, desejo apresentar um breve histórico do Ensino a Distância onde perceberemos quão recente é essa prática e mais ainda seu uso no ensino de Matemática.
No ano de 1970 o governo criou um grupo de trabalho por meio do decreto nº 66.600/70, cujo objetivo era fundamentar e subsidiar a elaboração da Lei de Diretrizes e Bases do Ensino de 1º e 2º graus.
Do relatório apresentado por esse grupo, originou-se a Lei nº5.692 de 11/08/1971.
Deve-se destacar que uma das atenções desta legislação esteva voltada para o Ensino Supletivo e, no parecer  nº699, de 06/07/1972, do Conselho Federal de Educação, foram ressaltadas suas quatro funções básicas.
Muito embora não constasse uma referência explícita ao Ensino Supletivo ser oferecido na modalidade a distância, esta foi utilizada em muitos programas de qualificação profissional nas mais diversas áreas.
Depois de transcorrido um longo tempo, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional a LDB, ressalta, em 1996, a importância da formação a distância.
Nesse sentido, o avanço dos meios de comunicação de massa – favorecidos pela informática, a presença constante desta no cotidiano das pessoas, e a baixa ou inexistencia da qualificação de profissionais para atuar no Ensino Fundamental e Médio impulsionaram tal relevância.
No Artigo 80 a LDB propõe-se o Ensino a distância como uma das estratégias de formação e o Decreto nº2.494, de 10/02/1998 vem regulamentá-la.
Em 2001, foi publicada a Portaria nº2.253, de 18/10/2001, na qual o parágrafo primeiro do Artigo 1º institui que a carga horária das disciplinas integrantes do currículo de cada curso superior não poderá exceder a 20% (vinte por cento) do tempo previsto para integralização do respectivo currículo.
Recentemente, o governo brasileiro, considerando a necessidade de regulamentar a oferta o ensino a distância, nos termos do art. 80 da Lei n°9.394, de 20 de dezembro de 1996, em consonância com o disposto no artigo 8°, § 1°, da mesma Lei, disponibilizou para análise pública, em abril de 2005, um texto com a minuta de decreto para regulamentação da educação a distância. A minuta regulamenta o artigo 80 da Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996, dispondo sobre o credenciamento de instituições para a oferta de cursos e programas de educação, para a Educação Básica de Jovens e Adultos, para a Educação Profissional Técnica de nível médio e para a Educação Superior, e dá outras providências.
Não pretendo aqui analisar os interesses político-ideológicos em cada legislação, mas apenas situar o trabalho dentro de um possível contexto histórico no qual as políticas de educação a distância podem ter sido pensadas e construídas.
Embora reconheça que a referida análise seja importante para entendermos criticamente diferentes perspectivas educacionais, minha intenção é ressaltar que ainda existem poucos cursos de graduação e outras atividades que contemplam esta modalidade, conforme ressaltou Nascimento (2004).
Na formação em matemática a distância a situação não é diferente das demais áreas do conhecimento científico. O primeiro curso de Graduação (Licenciatura) em matemática a distância foi implementado em 2001 pelo Consórcio CEDERJ, no Rio de Janeiro.
Tomando como referência os anais de importantes congressos – nacionais e internacionais – de educação matemática (XI Conferência Interamericana de Educação Matemática, 2003; II Seminário Internacional de Pesquisa em Educação Matemática 2003; VIII Encontro Nacional de Educação Matemática, 2004; XVIII Encontro Internacional de Psicologia da Educação Matemática, 2004), encontrei poucos estudos sobre a formação de professores de matemática a distância. Mais recentemente, observando os cento e vinte e oito trabalhos aprovados e disponíveis em http://stwww.weizmann.ac.il/G-math/ICMI/log_in.html, para debate no 15º grupo de estudos do ICMI (International Comission on Mathematics Instruction), intitulado “The Professional Education and Development of Teachers of Mathematics”  realizado em maio de 2005.
Essa escassez não tem sido diferente em um contexto educacional mais amplo. Conforme ressaltou o “V Plano Nacional de Pós-Graduação: subsídios apresentados pela ANPEd”, publicado na Revista Brasileira de Educação, número 27 (p.198-202), a educação a distância constitui uma das áreas temáticas de demanda na pesquisa educacional.
Esse histótico nos posiciona e alerta para o momento em que a educação se encontra, destacando a busca por novos mecanismos que estimulem e promovam o processo de ensino-aprendizagem dos alunos em todos os níveis de ensino, pois a mesma já se deu conta que os problemas que rondam a estrutura do ensino, seja ele na modalidade presencial ou na modalidade a distância, precisam ser revisados, a fim de proporcionar uma mediação didática que promova a apropriação do conhecimento.
Diante desta problemática, o ensino da matemática tem sido encarado como um desafio, principalmente na modalidade a distância, onde os recursos são muitas vezes mais limitados que nos cursos presenciais.
Como docente do curso de Licenciatura em Matemática de uma universidade mineira, percebo que a mediação didática dos conteúdos específicos fica prejudicada pela falta de recursos, como por exemplo na escrita dos signos matemáticos no ambiente virtual de aprendizagem.
A área de Matemática possui muitas particularidades em sua linguagem e escrita, fazendo do curso um elemento diferenciado em todo o processo de ensino.
A matemática ensinada nos cursos de licenciatura não pode contemplar apenas os aspectos instrumentalistas da disciplina, o educador em matemática precisa aprender a pensar matematicamente e a compreender como seu aluno pensa, para assim, promover sua aprendizagem matemática.
Esse estudo procurará identificar as dificuldades de se ensinar matemática através do ensino a distância e assim construir propostas que possam ajudar a superar os possíveis obstáculos encontrados.

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